sábado, 10 de maio de 2008
Pego-me posto, de repente
pego-me posto, de repente
nesta tão antiga e velha jaula
onde esta minha alma
vive tão presa, assim
sofro encolhido nesta masmorra
minha vida fora lançada à sorte
põe-se mais perto do outono minha morte
e nenhuma fruta vermelha aportou em mim
ah, viver aqui e não viver aí
onde meu passo é raso e não, nunca
(vive) o ser que mesmo sem saber não se pergunta
se é um anjo antigo, um deus morto, um querubim
à toa chuto meu chão, meu pisar, meu fel
mas nem eu me encontro quando me procuro;
sou aquela vespa posta atrás do verde muro
que impede que eu veja um triste fim?
sábado, 3 de maio de 2008
Criação
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Triste fim, as grandes partidas
triste fim, as grandes partidas
corroem-me a alma, tudo em mim
as dores, lágrimas paridas
fogem-me de meu amor ruim
amo-me tanto, e os sonhos
resquícios de minha infância
sufocam-me nos escombros
de minha fiel intemperança
deixo-me nos pontos, as vírgulas
separam o que fui do que serei;
as idéias do que sou são ridículas:
idéias de ser o que só eu sei
há no tempo úmido o gesto
a forma singular do meu mundo;
transmuto-me num incesto:
não sou mais o de há um segundo
corroem-me a alma, tudo em mim
as dores, lágrimas paridas
fogem-me de meu amor ruim
amo-me tanto, e os sonhos
resquícios de minha infância
sufocam-me nos escombros
de minha fiel intemperança
deixo-me nos pontos, as vírgulas
separam o que fui do que serei;
as idéias do que sou são ridículas:
idéias de ser o que só eu sei
há no tempo úmido o gesto
a forma singular do meu mundo;
transmuto-me num incesto:
não sou mais o de há um segundo
terça-feira, 29 de abril de 2008
Salmodia
“Javé o guarda e o mantém vivo para que ele seja feliz na terra” (Sl. 41,3)
medito sem parar, horas a fio
o gesto doce, mas triste e calmo
escondido no recitar do salmo
que enche de lágrimas meu rio
e o rio de lágrimas do salmista
reflete sua mais sincera dor
por não poder ter seu amor
na terra de onde tanto dista
a terra sagrada dada por Deus
é a terra donde corre leite e mel
mas na sua dor corre apenas fel
por não poder estar perto dos seus
confundem-se meu rio com o do poeta
que pôs em cada versículo a saudade
sentida tanto desde a mocidade
vivida longe de sua amada terra
e o rio de lágrimas deste triste ser
que sou, longe de meus amados
põe-me a expressar gestos fadados
quase como sem poder viver
mas, mesmo triste e magoado vivo
e encontro nos clamores do salmista
a felicidade que ainda se testifica
ao encontrar sempre Deus consigo
medito sem parar, horas a fio
o gesto doce, mas triste e calmo
escondido no recitar do salmo
que enche de lágrimas meu rio
e o rio de lágrimas do salmista
reflete sua mais sincera dor
por não poder ter seu amor
na terra de onde tanto dista
a terra sagrada dada por Deus
é a terra donde corre leite e mel
mas na sua dor corre apenas fel
por não poder estar perto dos seus
confundem-se meu rio com o do poeta
que pôs em cada versículo a saudade
sentida tanto desde a mocidade
vivida longe de sua amada terra
e o rio de lágrimas deste triste ser
que sou, longe de meus amados
põe-me a expressar gestos fadados
quase como sem poder viver
mas, mesmo triste e magoado vivo
e encontro nos clamores do salmista
a felicidade que ainda se testifica
ao encontrar sempre Deus consigo
domingo, 27 de abril de 2008
Pensamento em verso
penso como quem não quer pensar;
em meu quarto branco, secamente
estão meus pensamentos, grávidos e reticentes
transformados em versos pra se mostrar
minhas idéias são dignas de anotar?
pergunto-me ansioso, com o receio
de que o pobre verso que me veio
vá minha escrivaninha amarrotar
que amarrote esse percurso sem nexo
desse pobre que vomita bem ao meio
da folha alva, límpida, onde semeio
como quem ejacula ao “fazer” sexo
se forem dignos de anotar, quem vai dizer?
preocupo-me em semear e semear
na virgem página desejosa por experimentar
o melhor sexo que eu sei fazer
Publicado na Antologia Cidade. Belém: 2009, Vol. II.
em meu quarto branco, secamente
estão meus pensamentos, grávidos e reticentes
transformados em versos pra se mostrar
minhas idéias são dignas de anotar?
pergunto-me ansioso, com o receio
de que o pobre verso que me veio
vá minha escrivaninha amarrotar
que amarrote esse percurso sem nexo
desse pobre que vomita bem ao meio
da folha alva, límpida, onde semeio
como quem ejacula ao “fazer” sexo
se forem dignos de anotar, quem vai dizer?
preocupo-me em semear e semear
na virgem página desejosa por experimentar
o melhor sexo que eu sei fazer
Publicado na Antologia Cidade. Belém: 2009, Vol. II.
Todos os sentimentos
tenho todos os sentimentos do mundo
guardados aqui nesse pobre peito
e quando sob a noite deito
retomo-os todos num só segundo
sinto tudo o que é possível sentir
de dor a alegria; de saudade a amor;
o que há de mais terrível sendo o temor
de ser capaz de tanto, antes de dormir?
e antes de dormir sou o maior dos homens
e sou o mais frágil também, me creiam
os meus sentimentos são fortes, mas receiam
serem esmagados por um mistério sem nome
e esse mistério tão aterrorizador, talvez
seja eu mesmo, dentro das tantas dúvidas que me tomam
formadas com todas as dores que se assomam
dando nesse pária dum jogo de xadrez
e do jogo de xadrez sou o mais frágil
escondo-me atrás dos bispos e do rei
fugindo do medo que só eu sei
por serem capazes de me revelar tão ágil
e o mais ágil dos ágeis sou eu
quando acordo; levanto-me e ponho-me a oferecer
o melhor de mim, o que só eu sei fazer
até descobrir onde minh´alma na noite se perdeu
e se se perdeu eu logo a encontro
por dentre meus nervos e pensamentos
e lá escondidinha num pó cinzento
retomo-a e vamos ao melhor do conto
e, assim, jogo os dias que inda me restam:
nas manhãs sou forte, único e tão amável
e nas noites sou tão perdido, duvidoso e frágil:
o homem de todos os sentimentos que se versam
quarta-feira, 19 de março de 2008
domingo, 9 de março de 2008
Pesadelo
tenho tudo
no nada
inspiro doce
frio
da madrugada
tenho tudo
da amada
transpiro a tosse
desvio
da nAMORada
no nada
inspiro doce
frio
da madrugada
tenho tudo
da amada
transpiro a tosse
desvio
da nAMORada
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Roubei da vida
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Mendigo
mendigo
vida
implorando às almas
nas avenidas
rejeito
morte
recusando um não
como sorte
Publicado nos Cadernos Literários da Pragmatha Nº 16
Porto Alegre-RS Junho de 2009!
vida
implorando às almas
nas avenidas
rejeito
morte
recusando um não
como sorte
Publicado nos Cadernos Literários da Pragmatha Nº 16
Porto Alegre-RS Junho de 2009!
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Ofício
tão fácil
quanto difícil
é a vida
engrenada na labuta
do ofício
Cadernos Literários da Editora Pragmatha.
Ano 01. Número 17, Porto Alegre-RS, Junho de 2009, p.40.
quanto difícil
é a vida
engrenada na labuta
do ofício
Cadernos Literários da Editora Pragmatha.
Ano 01. Número 17, Porto Alegre-RS, Junho de 2009, p.40.
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Cicatrizo o ponto
Poema publicado no:
"Livro de Ouro da Poesia Brasileira Contemporânea", Rio de Janeiro: CBJE/BrLETRAS, 2009, p.46, ISBN: 978-85-7810-430-6, http://www.camarabrasileira.com/ouro09-025.htm
Poema publicado também no: "Cadernos Canoenses", Canoas: Tróis Editor, junho de 2009, p.4.
cicatrizo o ponto
cuspindo na hora
tossindo no mundo:
pensando...
encerro a tristeza
acariciando a lágrima
beijando a dor:
amando...
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Entranhamento
Poema exposto na Biblioteca Comunitária da UFSCar,
durante o XI Encontro de Poetas de São Carlos-SP, 15 de Março de 2008, http://www2.ufscar.br/servicos/noticias.php?idNot=1657
sou homem pequeno
pequeno espaço
passo ameno
refaço
o ciclo eterno sem asas:
renasço
sou palavra-poema
poema nasço
nessa vida pequena
enlaço
a voz tenra que escorre e vai:
num tímido titubear de versos...
durante o XI Encontro de Poetas de São Carlos-SP, 15 de Março de 2008, http://www2.ufscar.br/servicos/noticias.php?idNot=1657
sou homem pequeno
pequeno espaço
passo ameno
refaço
o ciclo eterno sem asas:
renasço
sou palavra-poema
poema nasço
nessa vida pequena
enlaço
a voz tenra que escorre e vai:
num tímido titubear de versos...
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Ego
há os que falam do coração:
falam o que sabem
sabem saber
há os que falam da cabeça:
falam o que pensam
pensam que sabem
falar o saber
há, por fim, os que falam do ego
e no ego não há nada
que se possa pensar, falar e saber
falam o que sabem
sabem saber
há os que falam da cabeça:
falam o que pensam
pensam que sabem
falar o saber
há, por fim, os que falam do ego
e no ego não há nada
que se possa pensar, falar e saber
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