quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Janela do terceiro andar




debaixo da janela do terceiro andar
esbarram-se corpos soerguidos
esvaem-se projetos, ideais e emoções
debaixo da janela do terceiro andar

lá fora, longe da janela do terceiro andar
o formigueiro humano sonha
derramam-se lágrimas de sofrimento humano
lá, longe da janela do terceiro andar

ao alto, à janela do terceiro andar
há um olhar atento e atônito
observando os passos de todos que passam
à janela do terceiro andar

filosofando da janela do terceiro andar
deparo-me soerguido
atento a todos os movimentos humanos
da janela de minha alma

Canoas-RS

sábado, 5 de setembro de 2009

Canção do Exílio de um Uruaraense


(Uruará, 22 anos, 1987-2009)

que saudade da minha terra
onde ficaram os sabiás
que saudade do meu mundo
que eu não trouxe para cá

que saudade da infância
que deixei, da minha vida
que saudade do meu Norte
minha terra tão querida

que saudade do imenso verde
que tem nas terras de lá
que saudade das tantas matas
que aqui não se pode encontrar

que saudade, que saudade
do chão cheiroso do Pará
não permita, Deus, que eu morra
sem voltar pra Uruará


Canoas - RS, 05 de Setembro de 2009

Publicado no Livro Poemas Dedicados. Rio de Janeiro: CBJE/BrLetras, 2009. http://www.camarabrasileira.com/poemasdedicados2009.htm

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sobre a brevidade da vida


não temos domínio do tempo e da vida
não conhecemos o segundo que passa
não conhecemos a dor que transpassa
em angústia, o dia porvir de cada vida

não conhecemos a dor da hora e da vida
do homem boêmio que morre louco
em angústia, por não muito pouco
perder-se em si o gosto pela vida

passa o tempo num dia de uma vida
passa-se a hora no sentimento perdido
da dor do não, dispensado ao mendigo
da dor da morte a orientar a vida

Canoas - RS, 04 de Setembro de 2009