domingo, 27 de abril de 2008

Pensamento em verso

penso como quem não quer pensar;
em meu quarto branco, secamente
estão meus pensamentos, grávidos e reticentes
transformados em versos pra se mostrar

minhas idéias são dignas de anotar?
pergunto-me ansioso, com o receio
de que o pobre verso que me veio
vá minha escrivaninha amarrotar

que amarrote esse percurso sem nexo
desse pobre que vomita bem ao meio
da folha alva, límpida, onde semeio
como quem ejacula ao “fazer” sexo

se forem dignos de anotar, quem vai dizer?
preocupo-me em semear e semear
na virgem página desejosa por experimentar
o melhor sexo que eu sei fazer

Publicado na Antologia Cidade. Belém: 2009, Vol. II.

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