domingo, 27 de abril de 2008

Todos os sentimentos


tenho todos os sentimentos do mundo
guardados aqui nesse pobre peito
e quando sob a noite deito
retomo-os todos num só segundo

sinto tudo o que é possível sentir
de dor a alegria; de saudade a amor;
o que há de mais terrível sendo o temor
de ser capaz de tanto, antes de dormir?

e antes de dormir sou o maior dos homens
e sou o mais frágil também, me creiam
os meus sentimentos são fortes, mas receiam
serem esmagados por um mistério sem nome

e esse mistério tão aterrorizador, talvez
seja eu mesmo, dentro das tantas dúvidas que me tomam
formadas com todas as dores que se assomam
dando nesse pária dum jogo de xadrez

e do jogo de xadrez sou o mais frágil
escondo-me atrás dos bispos e do rei
fugindo do medo que só eu sei
por serem capazes de me revelar tão ágil

e o mais ágil dos ágeis sou eu
quando acordo; levanto-me e ponho-me a oferecer
o melhor de mim, o que só eu sei fazer
até descobrir onde minh´alma na noite se perdeu

e se se perdeu eu logo a encontro
por dentre meus nervos e pensamentos
e lá escondidinha num pó cinzento
retomo-a e vamos ao melhor do conto

e, assim, jogo os dias que inda me restam:
nas manhãs sou forte, único e tão amável
e nas noites sou tão perdido, duvidoso e frágil:
o homem de todos os sentimentos que se versam

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