sábado, 8 de setembro de 2007

Clamor

dá-me caminho, casa, existir
dá-me ser, compreender...
tua dureza humana
rígida

sobrevivo aqui
nula existência;
vagabundo me proclamas
vagamundo sou...
feito pobre, tão pequenininho
jogado ao mundo
sob o burburinho
dos xingões e ira de teu desprezo

ah, ter casa e não viver aí
sob os trapos de tua rejeição;
faz tanto frio
sobre a calçada:
relva de minha extinção

pedra sou
lixo em seu caminho;
nem cachorro me resta ser
(ah! ser um), vivo sozinho...
Sem desfrutar a ração que os teus cães comem

ah, ser gente, a ser nada...
homem duro, sem coração;
pisas-me os braços
e chutas-me a cabeça
mas dar-me as mãos e me levantar que é bom
não passa por tua inteligência humana negligenciada

Publicado no livro:
Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos,
CBJE, RJ, 38º Volume.

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