sentei-me sobre meu leito
e de súbito, abraçado ao violão
quedei-me a esperar as atordoadas tramas
o que chamo inspiração
não veio nem o azul, o claro, o verde
a letra, a raiva, a calmaria
não veio na nota, o susto, o horror
nem o sentimento que me abarcaria
nem a imagem veio, a beleza do rosto
a pele sensível que me abrazaria
o toque dos lábios, suave doce
da boca louca que me beijaria
o sentir eterno não veio
o gosto agridoce não apareceu
o poema, filhote caseiro
abortou-me e a poesia morreu
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